Amar faz sofre. O amor romântico é uma droga e o apaixonado é um pobre coitado. Amor fraternal é amizade. Amor de pai e mãe, de irmao e de amigo é diferente, são remédios que nos ajudam a viver, têm uns efeitos colaterais às vezes, mas funcionam legal =). Mesmo que o amor seja vivido com altruísmo, mesmo que se tente aproveitar o amor e não o que fez ele surgir, a serenata é temporária, logo a simples inspiração vai precisar de concretude pra virar romance, mas normalmente fica no plano das idéias, mesmo quando o casal se une, continua cada um amando sozinho, aí a poesia acaba, as cortinas fecham e começa o drama.
A frustração, a relutância em engolir intragável bebida grossa e quente, com gosto de nada, porque sendo filha do nada não poderia ter algum gosto. Aí o ingênuo amante, vê que estava sonhando e como quem chora ao despertar de um sonho feliz, ele se deprime. Com a terna diferença de que o ato de ter sonhado com alguem real faz com que ele tome consciência da comédia fulcral que estava a encenar achando-se poeta.
Passa o tempo até que toda aquela frustração deixe de ser tristeza e passe a ser uma zanguinha atoa, até virar passado, a vida continua. Até o próximo romance.
E eu sei que o amor existe, mas não sei o que faria com ele se o tivesse, pois das vezes que tive eu perdi, eu neguei. E como o mundo é feito de espelhos, tudo isso que eu fiz refletiu em mim várias vezes, e eu andarilha da vida, recebi de volta o raio e o abracei, tentei chamá-lo de filho, tentei entender, mas não da pra fingir que não sofro, já que sou humana e não dá pra ser mãe de um filho que eu não queria ter e que não veio de mim e sim da falta de algo em mim. Por essas e outras que eu não acho o amor uma coisa boa, porque eu não me dou bem com o sofrimento e ele não se da bem comigo.